Toda a IA em todo o lado ao mesmo tempo

O tom da Consumer Electronic Show foi marcado pela intervenção do fundador da NVIDIA. “A IA está a avançar a uma velocidade incrível”, sentenciou Jensen Huang.

Foto
Jensen Huang, fundador e presidente da NVIDIA, empresa que lidera nos semicondutores para Inteligência Artificial e se tornou uma das mais valiosas do mundo, apresentou novidades na abertura da CES 2025 e mostrou qual é o mapa da evolução da IA ALLISON DINNER / EPA
Ouça este artigo
00:00
03:15

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Longe vão os tempos em que a influente feira de tecnologia e electrónica que anualmente atrai atenções mundiais para Las Vegas, nos EUA, era fundamentalmente um palco para novas televisões, rádios, computadores, carros e outros electrodomésticos. Tudo isso continua à vista na Consumer Electronic Show (CES) — cuja edição de 2025 termina hoje. Mas parece não haver novidade sem Inteligência Artificial (IA), que esteve presente em todo o lado ao mesmo tempo, dominou conversas, conferências e debates, arrastando grandes marcas e empresas emergentes (ainda) desconhecidas a surfar esta grande onda.

Logo no primeiro dos quatro dias da feira, o fundador da NVIDIA marcou o tom e deu argumentos que justificam toda esta atenção. Falando para cerca de 6000 pessoas na Michaelob Ultra Arena, Jensen Huang sentenciou: "A IA está a avançar a uma velocidade incrível."

Durante mais de uma hora, o presidente de uma das duas empresas mais valiosas da actualidade (a outra é a Apple), explicou àqueles milhares em Las Vegas (e aos milhões que seguiram a transmissão vídeo na Internet), o caminho que trouxe a tecnologia até aqui.

"Tudo começou com a IA que entende imagens, palavras e sons. Depois veio a IA generativa, que cria textos, mensagens, imagens e sons. Também já temos a IA que toma decisões ou age de forma autónoma, que se adapta em tempo real e é capaz de resolver problemas complexos em função do contexto e dos objectivos. E agora estamos a entrar na IA física, aquela que permite a máquinas autónomas, como robôs e carros, observar, compreender e desempenhar acções complexas no mundo real físico."

De ano para ano, são cada vez mais as máquinas (e serviços) que se mostram a percorrer este percurso. Há de tudo para todos: electrónica de consumo para ter em casa que trabalha com alguma forma de IA; e equipamento e máquinas pesadas que estão a transformar fábricas e formas de produzir.

"As aplicações da IA são intermináveis", vincou o homem-forte da NVIDIA, melhor gestor do mundo segundo as revistas Forbes e Economist. E a CES 2025, mesmo com milhares de novidades, deu apenas um cheirinho disso.

Até há aplicações que, provavelmente, nem sabíamos que precisamos. Como uma máquina para torrar grãos de café em casa que utiliza a IA na preparação desse processo. Ou um estetoscópio caseiro que recorre a IA para identificar eventuais problemas respiratórios ou pulmonares. E outras que pareciam tão óbvias e só agora estão a chegar. Como uma bengala para invisuais ou televisões que nos permitem procurar e comprar online um artigo que estamos a ver num filme (por exemplo a roupa de um protagonista ou objecto decorativo que surge no cenário) ou fazer a legendagem automática para qualquer idioma quando o original é falado em língua estrangeira.

Basta olhar para a lista dos 34 produtos/serviços distinguidos com o prémio máximo de inovação atribuído por um júri de especialistas convidados pela CES. Cerca de metade têm alguma forma de IA.

"A CES é uma grande mostra, não daquilo que vem a seguir, mas daquilo que é possível", resumiu Gary Shapiro, presidente da Consumer Technology Association, a entidade sem fins lucrativos que organiza a CES. "E esperem pela computação quântica. Quando ela se transferir para os produtos de consumo, ela vai fazer a IA parecer lenta."


O PÚBLICO viajou a convite da CTA, organizadora da CES

Sugerir correcção
Comentar