Sata visa poupar 65 milhões com plano de sustentabilidade financeira

O plano de sustentabilidade financeira da companhia aérea açoriana, apresentado nesta quinta-feira, tem 40 medidas para aplicar ao longo de 2025.

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Rui Gaudêncio
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O plano de sustentabilidade financeira da companhia aérea açoriana Sata, com medidas valorizadas em 65 milhões de euros, terá “reflexo já no ano económico de 2025”, segundo Rui Coutinho, presidente do conselho de administração do grupo de aviação detido pela Região Autónoma do Açores (RAA).

“E, com isto, estamos plenamente conscientes de que vamos pôr as empresas [Sata Air Açores e Azores Airlines], no curto/médio prazo, a andar noutro sentido, que é aquilo que pretendemos, [que é] pôr a Sata a voar mais alto”, admitiu.

O plano elaborado pelas equipas de gestão do grupo Sata visa aumentar receitas e diminuir custos, incrementar a eficiência operacional e modernizar a gestão dos recursos internos.

Segundo Rui Coutinho, para aumentar as receitas, entre outras acções, o grupo prevê a reavaliação tarifária e a optimização do plano operacional (vai deixar de fazer algumas rotas), a disponibilização de espaços publicitários no exterior e no interior das aeronaves e aumentar os lugares disponíveis nos aviões A320 NEO.

No incremento da eficiência operacional destaca-se a adequação do catering às características de cada percurso (nomeadamente entre o continente e os Açores e a Madeira), que terá um impacto de 4,5 milhões de euros, a conclusão da renovação da frota e a reestruturação das operações de manutenção e aumento da utilização das energias verdes nos equipamentos de solo, entre outras.

Já no que diz respeito à reestruturação dos serviços de suporte, destaca-se a modernização do contact center (impacto financeiro de quatro milhões de euros) e do site corporativo e a realização de compras conjuntas com empresas parceiras para optimização de custos e reorganização de processos internos para aumento de produtividade.

A Sata vai também avançar com vendas a bordo e proceder à optimização de processos para reduzir o tempo de rotação das aeronaves e melhorar a pontualidade, bem como proceder à obtenção de sinergias e de complementaridade entre as companhias Sata Air Açores e Azores Airlines.

O grupo Sata manteve nos primeiros nove meses de 2024 a tendência de crescimento já registada no ano passado, mas o resultado líquido acumulado é negativo em 43,6 milhões de euros.

Privatização ainda por fazer

Questionado sobre o processo de privatização da Azores Airlines, Rui Coutinho disse que a mesma decorre, mas “não existe qualquer novidade” e não há prazo para concluir as negociações com o consórcio concorrente. “[Quanto] mais rápido, melhor, para ter um desfecho [de] sim ou não, mas não há novidade nenhuma”, respondeu.

Em 13 de Dezembro, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, confirmou que a Sata e o consórcio Newtour/MS Aviation estão a negociar a privatização da Azores Airlines, e adiantou que a região vai assumir a dívida da companhia aérea.

Em entrevista à RTP e Antena 1 dos Açores, José Manuel Bolieiro garantiu que o executivo açoriano “não está envolvido em negociações algumas”, mas confirmou que a administração da Sata está a negociar com o único consórcio admitido no concurso de privatização da Azores Airlines.

“Primeira clarificação: nós queremos privatizar a Azores Airlines. Em segundo lugar, cumpriremos o que está estabelecido com a Comissão Europeia. Terceiro, o governo não se envolve em negociações porque essa é uma responsabilidade da administração da holding”, afirmou.

O presidente do governo regional também não afastou a possibilidade de existir um novo concurso para a venda da transportadora regional.

O governo dos Açores anunciou, em 2 de Maio, o cancelamento do concurso de privatização da Azores Airlines e o lançamento de um novo, alegando que a companhia estava avaliada em seis milhões de euros no início do processo e vale agora 20 milhões, negando que as reservas sobre o consórcio concorrente tenham pesado na decisão.